Vou deixar-vos aqui apenas um cheirinho do que foi este jornal de 4ª, e aconselho que tentem deitar a mão a um exemplar, pois vale a pena!
Ora vamos lá a isto!
"Chávez em Portugal:
principais perigos
(para Chávez, claro)
Por Ricardo Araújo Pereira
Crónica Do ponto de vista político, a vinda de Chávez a Portugal pode constituir, mais do que uma visita, uma visita de estudo. É certo que Chávez mandou encerrar um canal de televisão em que era criticado, mas tem aqui uma oportunidade de ouro para aprender como se intimida um sindicato enviando lá uma brigada de polícias, ou como se instaura um processo disciplinar a um professor que diz uma piada, ou como se demite uma directora clínica que se recusa a tirar um cartaz jocoso. São dicas que podem ser importantes para o futuro da prática política venezuelana, e Chávez não deve menosprezar a hipótese de importar um pouco da sólida democracia europeia para dar uma injecção de liberdade ao seu regime. Atenção: não sou injusto ao ponto de dizer que, politicamente, Sócrates e Chávez são iguais. Chávez é muito mais gordo, por exemplo. Espera, isso não é uma diferença política. Mas, de facto, há algumas. Sócrates não altera a Constituição com o objectivo de ficar a governar para sempre, nem acaba com canais de televisão - embora não lhe ficasse nada mal acabar, vamos lá, com as Chiquititas. Aí está uma medida democrática indispensável que Sócrates tarda em tomar."
Vocabulário prático
Crónica "Os responsáveis pela recepção de Hugo CHávez devem ter alguns cuidados protocolares. Há formas de tratamento que não são admissíveis. Só porque Chávez tem a mesma concepção de democracia de Fidel Castro e as maneiras de Alberto João Jardim, isso não faz dele um brutamontes autoritário. Um brutamontes autoritário com petróleo é um estadista sensato e amigo. Um brutamontes autoritário sem petróleo é que é um brutamontes autoritário. Há que ter sensibilidade política para perceber estas subtilezas. Quanto às negociações, Sócrates deve contantemente dar a entender a Chávez que é do nosso interesse ajudá-lo a castigar os espanhóis por causa do episódio com o rei Juan Carlos, fazendo entrar o petróleo venezuelano na Europa através do nosso país. Fazem parte de uma estratégia eficaz todas as conversas que o nosso primeiro-ministro iniciar com as perguntas: "E aqueles espanhóis, sempre a mandarem calar as pessoas, hein?", ou " Por que não falas mais, que tens uma voz tão bonita?""
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